Demais!! Quando eu , que tive uma juventude tão carente de informação musical, poderia imaginar ver tamanho leque de
livros, tão expressivo quanto os que a Ideal tem publicado!!
Isso mesmo não é revista, nem zine e nem folheto.. e sim LIVROS, livros se focando em rock nas suas varias vertentes.
Ahhhh que prazer infinito, depois
de livros dos Ramones, Motorhead, Slayer e pasmem Dead Kennedys... agora tem um
lançamento falando de METAL: "Nós Somos A Tempestade"
Bem não dá pra deixar passar essa
bomba e ai temos um entrevista com o escritor Luiz Mazetto. Paulista,
jornalista, entrevista bandas de “metal estranho” no CVLT Nation e é o guitar
da Meant to Suffer.
Luiz vai ser espremido e vamos
fazer ele abrir o bico sobre seu primeiro e curioso livro: ... vamos lá!
LAGG vs. Luiz Mazetto.
LAGG- Ai sim, alguém com pegada pra escrever um livro de Metal
definitivamente merece um espaço no LAGG... Luiz, fale um pouco de você, como
descobriu a música, como foi se aprofundando até chegar no ponto de escrever um
livro.
LM- Cara, comecei a ouvir rock e metal bem cedo, aos 10 anos de idade,
muito por influência do meu pai que também sempre curtiu esse tipo de som,
desde blues e rock 70 até Slayer e Megadeth e sempre me incentivou, dando
discos antigos dele ou indo comigo em shows. E desde então nunca parei, sempre
indo atrás de novos sons, começando pelo metal mais tradicional, como Maiden,
Sabbath e Judas até chegar ao punk/hardcore, metal extremo e essa cena mais
alternativa que falo no livro. Além disso, toco guitarra há mais de 15 anos e
já tive várias bandas, quase sempre de metal mais extremo. Por isso, a música é
provavelmente uma das coisas mais importantes e presentes na minha vida, se não
for a principal.
LAGG- A Música, especificamente o Metal influenciaram você a seguir o
jornalismo?
LM- Com certeza, quando era moleque não sabia muito o que fazer da
vida e acabei escolhendo jornalismo muito por isso, de querer escrever e
investigar as coisas que mais curtia, como música e cinema, muito influenciado
por caras daqui como o Barcinski e o próprio Massari, que agora está me “lançando”,
o que é algo muito louco pra mim. Ironicamente, nunca entrei para a chamada
“imprensa oficial” de cultura e música e agora vou lançar um livro sobre isso.
Depois, na faculdade, é que fui conhecer mais a fundo revistas, livros e
jornalistas de fora do país, caras como o Lester Bangs, o Nick Tosches, Albert
Muldrian (editor da Decibel), e o Ian Christe (autor e dono da editora
Bazillion Points).
LAGG- O livro é dividido em oito capítulos: Precursores (Black Flag,
Neurosis e Melvins), Sludge (Eyehategod, Buzzov•en e Grief), Pós-metal (Isis,
Pelican e Minsk), Sludge progressivo (Mastodon, Kylesa e Baroness), Stoner/doom
(Saint Vitus, Down e Clutch), Hardcore torto (Converge, Botch e The Dillinger
Escape Plan), Já fomos hardcore (Corrosion of Conformity, Coliseum e Cave In) e
Noise/experimental (Today is the Day, Unsane e Oxbow) e um nono capítulo que é
dedicado ao cinema. Você criou esses rótulos todos? Acha que usar e criar
rotulo imprescindível para escrever sobre música alternativa?
LM- Alguns desses rótulos são usados pela imprensa e pelos próprios
fãs, como sludge e pós-metal. Alguns outros, meio que criei, até de
brincadeira, como “Já Fomos hardcore” e “Hardcore torto”, mais para agrupar
essas bandas do que para compartimentá-las ou algo assim. Não acho que rotular
algo seja imprescindível em nenhum estilo de música, muito menos na música
alternativa, onde os sons são mais estranhos e confusos, no bom sentido, e as
bandas fogem disso como o diabo da cruz.
LAGG- Ainda no quesito “rótulos” acha que o público gosta dessa coisa
de definir uma banda. Tipo, ela isso ou aquilo? E que ele como ouvinte e muitas
vezes seguidor se sente bem em “tomar posse” desse rotulo... Tipo: - Sou Pós
Metal até a alma.... ?
LM- Acho que talvez no metal extremo mais tradicional, como thrash,
black e death, role um pouco disso, um “orgulho” em pertencer a uma cena ou a
falar que a “minha banda é thrash de verdade” ou algo assim. Com essas bandas
de que falo no livro é meio que o oposto, ninguém quer ficar preso a nada e todo
mundo tem mil influências sempre declaradas, acho que essa é a principal
diferença. Mas são pensamentos diferentes apenas, nem melhores nem piores.
LAGG- Será que isso num fracciona a cena e acaba por enfraquecer
geral?
LM- Acho que é muito relativo, porque você pode ter cenas muito
específicas, como thrash e death metal, que são autossuficientes de certa
forma, tem um público cativo, ainda que possa ter ou não uma cabeça mais aberta
para outros sons. E essa cena de metal alternativo, apesar dos rótulos que eu
ou o público/imprensa criamos, não leva isso tão a sério, já que você tem shows
com bandas de sons muito diferentes, mas com pensamentos e filosofias parecidas
– talvez isso que seja mais importante, os laços entre as bandas, ainda mais do
que o som, que também é muito importante, veja bem.
LAGG- Alguns puristas vão reclamar, mesmo sem ler o livro...que Black
Flag e Melvins num tem nada a ver com Metal, tem como explicar isso?
LM- Na verdade, são duas bandas que não são do metal, mas que tem tudo
a ver com metal, pelo menos o mais alternativo. O Black Flag influenciou uma
porrada de banda, como Eyehategod, e teve até uma fase meio “metaleira”, a
partir do My War, em que os caras faziam um som mais influenciado pelo Sabbath
e tinham até cabelo comprido – algo que importava na época. Já o Melvins é uma
banda “sem pátria”, vamos dizer, mas é inegável que os seus primeiros discos
influenciaram diretamente bandas como o próprio Eyehategod, além de Grief e
Buzzov-en (e Nirvana, rá!), conforme elas já admitiram, entre outros nomes.
Ultimamente as pessoas estão dando mais valor para esse papel importante do
Melvins, que fazia um doom que acabou sendo chamado de sludge, principalmente
no início de carreira, mas até hoje tem muita ligação com essa cena de metal
alternativo por meio de shows ou splits com bandas como Neurosis, Unsane, Isis
e EHG.
Um intervalinho na falação e mandar um som né? e já que tavamos falando de Black Flag...ai vai um som... é Metal ou Não... veja se conhece alguma banda que esses caras influenciaram...
Black Flag - Nervous Breakdown
LAGG- É possível quantificar a importância dessa publicação para a
cena underground nacional e qual o potencial dela conseguir novos seguidores
pra música pesada?
LM- Não sei medir isso, no momento, mas até agora (antes do livro sair
oficialmente) já rolou uma resposta bem legal da galera na Internet, gente de
vários lugares do Brasil e até de fora (de Portugal). Espero que o livro não só
ajude essas bandas a ficarem mais conhecidas e quem sabe tocarem no Brasil, mas
também que seja mais um passo para que a gente tenha mais livros de metal e
música pesada, sobre bandas daqui ou de fora, feitos por autores brasileiros.
LAGG- Como se deu a escolha das bandas que personificam cada título? A
opção foi sua entre várias ou a banda eram tão icônica que era impossível optar
por outra?
LM- Na maior parte dos casos a escolha era meio óbvia, como com o
Melvins, Neurosis, Converge, Eyehategod, Mastodon e Isis. Mas em algumas
situações o gosto pessoal influencia sim. Talvez um outro autor não teria
colocado o Oxbow ou mesmo o Cave In, que são bandas sensacionais, na minha
opinião, mas que possuem um público menor.
LAGG- Tem bandas que você quis inserir no livro, mas não rolou? Caso
sim, quais e por que num deu certo?
LM- Ahh, isso sempre rola, né? Mas posso dizer que fiquei totalmente
satisfeito com o resultado final, acho que a maioria das bandas essenciais
estão lá. Talvez uma banda como o Sleep pudesse ter entrado, mas penso que eles
tem uma importância igual ao Eyehategod, Saint Vitus, Down e Grief para o
sludge/stoner, por exemplo, e por isso penso que isso não deixou o livro menos
completo ou algo assim. Algumas outras que também seriam legais, mas só rolaram
depois, como Kyuss e YOB, podem entrar numa possível reedição do livro.
LAGG- Acredita que vai conseguir alcançar um público leigo
musicalmente?
LM- Quando você lança um livro falando de algo “alternativo” logo no
título essas chances já caem bastante (risos). Mas penso que o fato de ter o
Massari junto no projeto, além da Ideal, que trabalha com vários públicos, pode
ajudar a espalhar mais o livro além do público específico que a gente já
esperava. Aliás, espero que isso aconteça e mais gente conheça essas bandas.
Talvez alguém que se interesse por ver uma banda mais conhecida como Mastodon
ou Black Flag na capa e acabe curtindo o Oxbow e o Today is The Day.
Mais um som???? Semduvida né.... agora vamos de Corrosion....
Corrosion Of Conformity - Vote With A Bullet
LAGG- Tem como descrever a satisfação de ter um livro que você escreveu em suas mãos? Depois dessa vitória, já tem novos planos para novos projetos?? Divide aqui com a gente...
Corrosion Of Conformity - Vote With A Bullet
LAGG- Tem como descrever a satisfação de ter um livro que você escreveu em suas mãos? Depois dessa vitória, já tem novos planos para novos projetos?? Divide aqui com a gente...
LM- Olha, a ficha ainda tá caindo (risos). Não só por (provavelmente)
ser um sonho de qualquer pessoa que trabalhe com jornalismo e comunicação poder
lançar um livro assim. Ainda mais no meu caso, que o livro é sobre as minhas
bandas favoritas e tem a bênção e o apoio de um cara que eu sempre admirei, que
é o Massari. Agora vou lançar um site de música, em que vou publicar
entrevistas com bandas, artistas e escritores, continuando um pouco o que fiz
no livro, mas expandindo para diversos gêneros/estilos. Vai chamar
Contracorrente (www.contra-corrente.com)
e deve entrar no ar até o fim de setembro. E tenho ideias para mais projetos de
livros, ano que vem começo a ver isso com calma.
LAGG- Explique um pouco o que é essa “Coleção Mondo Massari”?
LM- A coleção é uma iniciativa da Ideal para ter o Massari como um
“curador”, lançando não apenas livros dele, mas também títulos que ele
seleciona e então atua como uma espécie de “editor criativo”, como é o caso do
meu livro, em que ele participa com uma entrevista inédita (feita com o Josh
Graham, ex-Neurosis e atual A Storm of Light), além de escrever o texto da
contracapa. Esse é o segundo lançamento da coleção, o primeiro tinha sido o
Malcom, entrevista em formato de HQ que o Massari fez em parceria com o Luciano
Thomé, e conta a história de uma entrevista com o Malcom McLaren nos anos 1990,
ainda na época do Massari na MTV.
Bem insano ou não? ..... caray vamos ter um livro de Metal Estranho.... neste caso o mundo ta mudando pra melhor, temos de comemorar!!
Bem agora vamos ao serviço de como por as mãos nessa perola!!
Nós Somos A Tempestade, já está à venda com pronta entrega na ideal shop:
Também termos dois eventos de lançamento:
11/10 - Tarde de Autografos em BH, dentro do festival Exhale the Sound.
É Metal na veia galera....
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