quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Entrevista: The Red Lights Gang - Serie: Psycho Attack Over SP #2

Tamos de volta com a sequencia da serie: Psycho Attack Over SP #2, o show esta chegando e estamos finalizando as bandas... Agora você vai conhecer melhor The Red Lights Gang.
Na ativa desde 2008 essa banda de São Paulo vai na contra mão do geral e com isso rompe com a mesmice e ai o destaque é inevitável.

The Red Lights Gang
Foto by: Flavio Loco Ferraz
Poderíamos simplificar e dizer que a banda toca um mix de country e rockabilly, mas seria muito pouco... temos outras influencias: Psycho, Jazz, Rock, Blue Grass, Punk, mas a banda soa mesmo é como ela e isso que a faz ser tão interessante.
Pra você sacar já vamos com uma amostrinha e ai vai um vídeo pra você.

HONKY TONK DEVIL GIRL


Demais né… e seguindo o esquema do projeto, vamos direto pra uma entrevista Top de Linha com a RLG… curta, por que foi ótima!!


A Go Go: Vamos no básico, conte pra gente o inicio de tudo, como começou, quem estava lá (formação da banda) , onde e quando?
Felipe: A princípio, a banda surgiu em um momento em que eu (Felipe) estava sem fazer nada relacionado a música, e um amigo que havia acabado de montar um estúdio me deu de presente a gravação de uma música. Aceitei, mas não sabia o que fazer. Gravei uma base muito simples na guitarra, depois convidei o Igor para participar do projeto e ele aceitou, gravando violão e banjo. Depois convidamos o Marcial
para gravar o baixo que também aceitou, porém não estava com pretensão de se envolver em um projeto sério naquele momento. Mesmo assim aceitamos sua ajuda e ele acabou gravando o baixo para nós. Depois de tudo gravado, estávamos com dificuldades para compor uma letra, foi quando comecei a conversar com um amigo (Américo) que tinha no MSN, e ele disse que gostava desse tipo de som, cantava em outras bandas e etc. Mandei o áudio pra ele e na mesma noite ele fez uma letra e gravou na música e me devolveu perguntando o que eu achava. Nem respondi o e-mail dele. Já marquei o estúdio para registrar a letra do
Américo. Foi aí que nos conhecemos pessoalmente. Quando a musica foi mixada, todos nós ouvimos, achamos demais e aí sim resolvemos nos conhecer pessoalmente, e resolvemos seguir o projeto em frente. Certa vez o Américo disse uma frase que acho que resume bem essa resposta: "Normalmente as bandas criam as músicas, nós somos uma banda que foi criada por uma música".
Americo: Isso foi em Novembro de 2008. Essa primeira gravação pode ser ouvida no nosso Reverbnation RLG
Essa gravação ainda contou com o Thiago Ramon no piano. Pensamos esse projeto como uma banda “drumless”, mas naturalmente percebemos que iríamos precisar de uma bateria. Foi então que o Felipe chamou o Mick Six para participar da banda. Hoje a Red Lights Gang é o Felipe (guitarra). Igor (violão), Fabio McCoy (bateria), Seedão (baixo) e eu (Américo) no vocal.

A Go Go: Adorei o nome... como pintou a ideia e qual a origem/inspiração pra ele surgir? Casas de Meretrício, Red Lights District (bairro “boêmio” na Holanda, Protibulos... vamos contem tudo!!!
Américo: Realmente o nome da banda surgiu seguindo essa linha de raciocínio, mas bem da verdade, o Felipe escolheu esse nome como uma brincadeira com o bandido da luz vermelha.

A Go Go: vamos falar um pouco da composições... como acontecem, influencias, tem um cabeça???
Felipe: As músicas, na maioria das vezes, surgem em parceria. Acredito que não funcionamos bem sozinhos, mas como um time mesmo. Às vezes o Igor aparece com uma música, o Américo acrescenta algo com a letra, às vezes eu apareço com uma melodia e o Américo coloca uma letra ou acontece o inverso também, o Américo aparece com uma letra e nós sentamos para fazer a música. Acho que a parte mais bacana da RLG é a parte de criação, gostamos muito de compor.

A Go Go: E os instrumentos??? Cada um fale um pouco do seu... qual é? Pq escolheu... ? Ainda sonha com algo especial?? E claro, não vamos deixar escapar as peculiaridades... Baixo de Pau, Violão.... mandem seus porquês...
Felipe: Nossos instrumentos, basicamente, são bem básicos. Minhas guitarras são Telecaster, bem primitivas e simples, o set de bateria costuma ser bem básico também. Violão folk e baixo acústico. Gostamos de usar coisas simples por que gostamos de fazer um som bem cru. Mesmo quando temos a disposição efeitos, procuramos usar o mínimo possível pois acho que soa mais honesto para quem está ouvindo.

A Go Go: Nesse ponto... é necessário pergunta pq a escolha da língua inglesa? Vocês tem ou pretendem ter canções em português?
Américo: Não temos nada composto em português. Na verdade a proposta inicial era de usarmos o inglês e isso continua até hoje. Sinceramente não consigo imaginar nossas canções em português, acho que soaria
falso. Nossas músicas se tornariam diferentes do que elas são hoje, se fossem em português. Nada contra quem consegue fazer isso, mas no nosso tipo de som não sei se ficaria legal, soa muito melhor em inglês.

A Go Go: E o estilo? Numa época que o psycho enche os ouvidos da galera, vocês tão fazendo um som com pegadas muito ligadas ao pré rock... Honky tonky, hillbilly music... pq? Vocês só escutam “velharias”?? Conte o que vocês curtem escutar...
Felipe: As influências da banda são muito diversas. Eu sempre ouvi muito Punk Rock, o Américo gosta de Metal, o Igor se influencia muito em música Folk. O McCoy e o Seedão curtem muito Rock'n Roll e Rockabilly, mas acho que todos tem em comum um carinho especial pela country music. Mas nós procuramos não deixar nossas influencias cruzarem muito com as nossas composições, quando percebemos que alguma música esta parecendo muito com alguma casa procuramos tentar dar outro direcionamento e isso acontece naturalmente.
Américo: O Felipe está certíssimo. A Country Music é o ponto em comum entre todos nós da banda. É o tipo de som que sai naturalmente na hora de compor. Nossas bases são estes ritmos americanos, de raiz, mas a pegada transforma um pouco isso, tanto que já falaram que tocamos “hillbilly energético”. Eu particularmente ouço muitos artistas antigos, como Buck Owens, Merle Haggard e Johnny Cash. Mas também Dale Watson, Dwight Yoakam, Mavericks, Derailers, Wayne Hancock, Bellfuries, Big Sandy. Fora isso ando ouvindo muito Heavy Trash, Jon Spencer Blues Explosion e Rocket From The Crypt.

A Go Go: Bem agora vamos a atualidades... como vocês descrevem a atual cena mundial, brasileira e paulista... fale sobre os clubes, publico, outras bandas, estúdios... poxa não vamos esquecer o Psycho Attack Over SP... que vocês acham do projeto e como caíram nele?
Américo: Falando por mim, acho que a cena underground de São Paulo hoje em dia é bem diferente do que quando a Red Lights Gang começou.Nosso primeiro show foi com bandas de estilos diferentes dos nossos, e acho que isso ajudava a atingir um maior número de pessoas. Pode ser impressão minha, mas acho a cena agora meio dividida, cada um faz o seu e pronto. Alguns chegam ao ponto até de torcer contra. Não rola mais aquele lance de indicar a banda amiga para tocar, infelizmente. 
Quanto ao público, ultimamente acho que as maioria das pessoas preferem ouvir bandas cover, vão à lugares onde as bandas tocam cover, e não dão apoio à banda que rala para compor/produzir/gravar (isto
inclui pessoas que fazem festas). Alguns outros só dão valor e vão aos shows se a banda for de fora (seja fora do estado ou fora do país) e não percebem que se apoiarem as bandas daqui, fortalecendo os festivais e festas daqui, só ajudarão os produtores a trazerem bandas cada vez mais renomadas aqui para São Paulo. Tivemos uma época foda aqui, com shows de Long Tall Texans, The Quakes, Restless, The Meteors, Mad Sin e com bandas locais abrindo e isso sim é demais! Na capital e no interior existem bandas ótimas, bandas competentes, bandas novas e bandas que já são clássicas, No nosso caso, quando abrimos para o Meteors, ouvimos muitos comentários falando que não deveria ser a RLG a banda a abrir este show. Por isso falo que muita gente torce contra em vez de se juntar e unir forças. Falando sobre Psycho Attack Over SP chegou até nós com o convite do Márcio (Rockabilly Boogie) que é um dos caras que luta contra tudo isso que falei anteriormente. Aceitamos prontamente este convite por ser uma ideia incrível, ideia de fortalecer esta cena, não só da aqui da capital, mas também do estado de São Paulo. Além da oportunidade de tocar com amigos, e isso faz muita diferença no clima do festival.



A Go Go: Os estilo de vocês transcende pra vida pessoal? Ou seja, vocês curtem mesmo usar uma barbearia Old School? Curtem Carros Antigos? Kustom Kulture?? Andam no visual normalmente??
Américo: Eu percebo que cada um têm um estilo diferente na banda. Assim como no nosso som, nada no nosso visual é forçado. Nos vestimos como queremos, independente de cena. Pessoalmente acho incrível poder misturar coisas modernas com coisas vintage. Pra mim é assim no som e no visual.
Felipe: Pelo menos da minha parte, o que eu sou na banda eu sou na vida. Me porto da mesma forma todos os dias. Somos amigos do pessoal da Barbearia 09 de Julho e frequentamos a barbearia desde antes da banda se formar.

Agora temos s deixa perfeita pra por mais um vídeo do RLG e o tema não poderia ser outro: Barbearia, ou melhor: In The Barber Shop.



A Go Go: Vocês tão com material novo, certo? Vamos falar disso... é uma demo, CD... seja o que for vai virar LP (vinyl, na minha opinião tem tudo a ver com vocês!!) ?? Como, onde e por quem foi produzido? Onde encontrar?? E Principalmente, era realmente isso que vocês queriam???
Felipe: É nosso cd, nossa "cria", tenho muito orgulho desse trabalho, e quem já ouviu, ouviu puramente Red Lights Gang! É um disco bem cru, foi gravado basicamente ao vivo com a produção do Thiago Nassif, que já produziu Crazy Legs, Rodrigo Haddad entre outros. Para não dizer que não é um disco ao vivo, fizemos alguns overdubs de alguns instrumentos, tudo isso pra que as pessoas pudessem ouvir o que a banda é no palco, que, na minha opinião, é onde a banda mostra quem é. Foi lançado pela Bad Habits Records, que é um selo especializado em rockabilly, e não sabemos se vamos lançar em vinil, não estou muito a par do assunto, mas acredito que deve estar bem difícil produzir vinil no Brasil atualmente, mas realmente seria lindo! O cd saiu com 13 faixas autorais e pode ser adquirido nos shows e via Bad Habits Records (Site da Gravadora).

A Go Go: Ainda nesse tema... mas querendo sacar a visão de vocês para algo que considero muito importante nos dias de hoje. A Banda tem por volta de 5 anos e ao contrario da maioria de bandas da cena
underground, vocês só estão lançando um disco agora... demorou pq? Vocês se preocuparam em fazer algo REALMENTE, bom ou foi falta de tempo ou ideias...
(Aqui gostaria de colocar uma nota particular minha): Que isso sirva para as bandas novas que pulam etapas e fazem um som qq e por isso terminam tão cedo qto gravaram e/ou não tem publico!!passem um pouco dessa experiência pra bandas novas que querem engolir etapas.
Felipe: Na verdade, acho que esse tempo que demorou tem realmente a ver com o "algo realmente bom". Esse disco vem sendo gravado desde o inicio da banda, porém, a principio, optamos por um sistema de gravação atual, por pista, como a maioria dos artistas tem feito. O disco chegou a ser gravado inteiro, e ficou bom, mas ainda não era aquilo que queríamos, acho que daria pra ser lançado daquela forma, mas nos preferimos esperar por mais algum tempo e fazer o disco mais autentico possível, e depois de todo esse tempo conseguimos.
Américo: Realmente isso que aconteceu, de termos gravado o disco no esquema atual (por pista), nos deu muita experiência e ajudou muito no resultado final do disco, porque nesta nova gravação nós estávamos muito mais maduros do que na primeira gravação. Talvez se tivéssemos lançado a primeira gravação eu não teria ficado tão feliz como o resultado.

A Go Go: Bem e agora, quais os planos pro futuro..?
Américo: Bom, já começamos a compor novamente, para que o próximo disco não demore tanto quanto este primeiro! Mas com respeito a este disco que acabamos de lançar, o plano é tocar muito, fazer muitos
shows, divulgar e tentar chegar onde ainda não conseguimos.
Felipe: Acredito que o plano principal é conseguir fazer o nosso trabalho chegar o mais longe possível, e tentar mostrar nosso som para a maior quantidade de pessoas possível. É muito gratificante quando descobrimos que pessoas de longe da gente ouviram nosso som, quando a pessoa gosta então pra mim não tem preço!

Então galera... bate papo de alto nível né?
Bom escutaram e conheceram a banda, agora vamos falar sobre o grande lançamento deles, o CD 13!! E pra isso tenho a honra de receber aqui no Loco A Go Go um convidado que também é um grande amigo, escritor (tem um blog o Alternar Zine) e batalhador pela cena: Marcio Carlos, que vai resenhar o CD pra gente... bora lá!!

The Red Lights Gang – 13 (Bad Habits Rec – CD – 2013)




Provavelmente o disco mais aguardado do ano aqui. Ou seria nos últimos anos? Não, não é nenhum exagero essa afirmação. Pra quem acompanha a banda em suas fantásticas apresentações ao vivo, ficava sempre aquela enorme expectativa de como seria o resultado, de como eles soariam em estúdio um dia.
E posso afirmar que valeu a pena essa longa espera. E muito!

O resultado? Um trabalho de altíssima qualidade. Seja nas composições, na excelente qualidade da gravação ( que conseguiu de certa forma o difícil feito de transmitir o que é a banda nos palcos para o estúdio ) ou no belo trabalho gráfico do disco, de muito bom gosto. Fico já imaginando aqui uma versão em vinil um dia, seria uma beleza...

Voltando ao disco - que é o que realmente interessa - seria muito injusto encontrar destaques entre as faixas. Todo o álbum - do início ao seu final - soa extremamente poderoso e consistente. Com vários potenciais ‘’hits’’ ou simplesmente futuros clássicos do gênero.

E, mesmo assim, algumas músicas que já conhecia em shows mais que me surpreenderam no estúdio. O que foi ótimo.
A participação de alguns músicos e instrumentistas convidados deu um belo resultado e charme ao trabalho todo também. Basta ouvir “Ballad Of Killer Train”, por exemplo, pra entender o que quero dizer. E um disco que abre com uma faixa como “Honk Tonk Devil Girl” obviamente que não é um album qualquer. “Moonshine Queen” é outra faixa que ‘’pega’’ você de jeito também, com uma levada e clima únicos.

É sensacional como a banda consegue transitar entre um Rockabilly como na canção ”In The Barbershop” ou em Country como “The Devil’s Knocking” com tanta eficiência e domínio. Aliás, é assim quase durante todo o disco. Ambos os estilos soando em total harmonia. Isso é pra quem sabe fazer, realmente. E são poucos hoje em dia, muito poucos...
“Twist-Set Girl” é simplesmente linda, mesmo! E ainda assim romântica também. Numa época em que essa palavra infelizmente é associada a coisas de um gosto/conteúdo musical um tanto duvidoso! Rs.
É um disco pra escutar com muita calma, prestando atenção nos seus ricos detalhes, em todos os momentos. E pra ouvir alto também. Ele tem uma vibe tão boa que com certeza vai fazer seu dia mais feliz . Ou fazer você se sentir muito bem enquanto ele tocar, se preferir.

Acho que é isso que esperamos no final, quando escutamos música, não é mesmo? Seja qual for o estilo ou em que época foi feita ou gravada. Sentir todo seu poder, suas tantas emoções e sensações ( todas possíveis ) entrar no mesmo clima e sintonia transmitido por ela de certa forma.
Agora faça um favor pra você mesmo e compre esse disco o mais rápido possível. Escute ele muitas e muitas vezes. Vai te fazer muito bem, aposto. E não perca um show dos caras se puder, suas apresentações, como já disse antes, costumam ser sensacionais, sempre !

Serviço: Pra encontrar o disco: Bad Habits Records 

Márcio Carlos.


Tá louco pra escutar o CD? Aqui vai um “teaser”, pra da uma ideia e deixar você mais pilhado...



Ufa... ta ai.. Red Lights Gang, analisada de ponta a ponta... então só falta dizer: Não perca os caras tocando no Psycho Attack Over SP #2

E pra agita sua mente pro Festival...uma rapida passada pelo PAO SP#1... LOUCURA!!!


Stay Insane...
Flavio Loco Ferraz




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